Não sei como é crescer de outra forma, embora saiba o que é ter muitas dúvidas como se permanece, como se é. O meu percurso nisto da fé não foi linear, e foram muitas as vezes em que desejei não ser a minoria que era de uma seita qualquer, mas que não era bem dos “jeovás” ou dos “mórmones”.
Lisboa é a capital de Portugal mas nem por isso teve – durante a minha infância – a maior das tolerâncias à diferença. A memória mais antiga é a de ir para uma sala ao lado quando a minha turma na primária tinha educação moral católica. “Ela é daqueles que só se baptizam quando querem!” – que ousadia, esses protestantes.
Oscilar, na adolescência, entre o descaramento de afirmar o que era a fé, ou a de a ocultar mesmo. Duvidar se este seria sempre o caminho, ou se estaria à altura de lá ficar.
Quis que o hábito – essa coisa tantas vezes relativizada se não for feita de coração – me tivesse feito permanecer, para ao fim de 20 anos no mesmo lugar, mudar. Para fora daí perceber melhor a incapacidade de crescer sem o alimento.
Mais quase 20 anos depois destes, voltar é como visitar a casa dos nossos pais:
já não é nossa, mas é parte de nós.