O livro de Juízes relata uma época trágica do povo de Israel, que ignora as instruções de Deus, e abandona a fé para viver no meio dos pagãos. O povo de Deus tinha suportado 400 anos de escravidão no Egipto, que foram seguidos por quarenta anos de peregrinação no deserto, acabando com Josué a guiar o povo para a terra que Deus lhes tinha prometido. Perto do fim da vida, Josué lembrou os israelitas do dever de adorarem apenas e só a Deus, ao mesmo tempo que expulsavam os cananeus da terra, de forma a que não estivessem expostos a outras fés e fossem tentados a seguir religiões falsas (Josué 24: 14- 15).
E se o livro de Josué termina com a declaração das terras a serem conquistadas, o livro de Juízes começa com uma lista de falhanços, resultados de desobediência. O povo falha em expulsar os cananeus das terras, e esse foi apenas o começo de um período negro para o povo. Em menos de nada, convertem-se às mesmas práticas dos pagãos, entrando num ciclo de caos, violência e opressão nunca antes vistos. Na verdade, à medida que mergulhamos nos relatos, fica mesmo complicado identificar este povo como o povo de Deus.
Mas mesmo no meio desta confusão, Deus continua lá e a trabalhar. Se enquanto leitores, ficamos espantados e até chocados com o rumo dos acontecimentos, precisamos colocar-nos no lugar do povo. Poderíamos ter sido nós, ou podemos estar mesmo a ser nós, no presente século, a viver vidas semelhantes.
Se o fizermos, ganhamos humildade e contrição, e não perdemos a esperança de que Deus continua a trabalhar através de pessoas e circunstâncias moralmente duvidosas. A acção de Deus não se limita às nossas imperfeições. O trabalho de Deus nunca pára, ele não dorme.
Em Juízes 2, lemos sobre duas gerações de israelitas: a geração de Josué e a geração pós-Josué. A geração de Josué foi fiel. Em Juízes 2:7 lemos:
No entanto, a geração pós-Josué não foi fiel. Depois da morte de Josué e depois da morte dos anciãos que tinham vivido debaixo da sua liderança, esta geração cresceu como uma geração que “não conhecia o Senhor ou as obras que fizera a favor de Israel”. Portanto, eles “fizeram o que era mau aos olhos do Senhor”. (Juízes 2: 10-11). Uma geração que tinha testemunhado as grandes obras que o Senhor havia feito pelo Seu povo esqueceu-se de viver de forma a transmitir às gerações seguintes como ser fiel.
A memória do povo falhou e a nossa também não presta. Facilmente nos esquecemos de todas as bênçãos e livramentos que temos diários. E é também por causa disso que nos reunimos todos os domingos. Todos os domingos? – Sim, todos os domingos. Precisamos contar e relembrar sempre a mesma história, a nossa memória é curta.
Precisamos lembrar Deuteronómio 4:9:
– Senhor, ajuda-nos a lembrar o que tens feito e a contar aos outros acerca de Ti. Ajuda-nos a adorar-te como o único e verdadeiro Deus e a passar esta lembrança à próxima geração. –